Ta foda não escrever sobre isto.

Toquei com o peito do pé toda extensão das pernas

Deixei a correnteza me levar

Soltei o corpo

Massacrado moído

Duras penas

Não rimam mais comigo

Sou um sorriso

Onde deposito tudo o que for bom

Duas voltas no olhar

Salto sem medo

Sem saber voar

Me jogo ao destino

O trapézio ao meu alcance

Mesmo que não o veja

Na projeção de um futuro

Ouço já os aplausos

Tocarem minhas costas com óleo de andiroba

A segunda pirueta no fim

Relaxo em sonhos

seu toque nos cachos que começam a crescer

Não durmo nunca

Estou sempre alerta

Desbravando

novas descobertas

me alimentam

Não sei mais nadar

nem preciso disto

Flutuo no precipício

Caminho no mormaço

Deste rio

Por sobre as águas

Sou quase nada

Não sou mais meu

Evaporei nos olhos teus.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 11/05/2006
Código do texto: T154201