No Templo do Mar

 
Na solidão dos tempos
Na profundidade selvagem
A maldade grassava nos mares
O terror entre os peixes era constante
O sossego ausentara-se
 
No templo do mar
Sentia-se o som do orgão
As algas perfumavam
O ambiente com suavidade
Os peixes meditavam
Com orações
Para a paz dos oceanos
 
As conversas entre os peixes
Eram estranhas
E as algas sorriam
No sossego
das águas profundas
 
Um sorriso envergonhado
quebrava o silêncio
e a paz hesitava em entrar
 
Quem parecia estar à margem
era o polvo sabichão
que se entretinha
a coçar perna a perna
como eram várias
A preocupação era nenhuma
A desgraça solitária
Era-lhe indiferente
 
O goraz era o sacerdote
do templo
começara o sermão
com apelos a uma paz
que parecia voar
para mares distantes
 
 
O amigo tubarão
Que era ateu
Não queria saber
Daquelas patacoadas
Matava em nome de Deus
E andava a rondar a praia
Em demanda duma perna
Dalguma garota mais afoita
 
Mas um arpão
Vindo não se sabe donde
Atingiu-o fulminantemente
E a paz aproximou-se.
pedrovaldoy
Enviado por pedrovaldoy em 17/04/2009
Reeditado em 22/11/2009
Código do texto: T1545117