Corpo largo

Eu quero correr um salto largo

Amargo na boca, coração desmente

A malandragem, a roupa rota

Só pro salto ficar indecente

Eu quero a largura do corpo

E o estreito da passagem pro ar

Lavar a alma num puríssimo mar

E depois sujar o corpo e largura

Em suma, meu caro, de verdade

Quero ter o soneto da contemporaneidade

O mais lavável e sem vergonha

Queria fugir dessa nossa liberdade

E da arte e toda sua superficialidade

Quem sabe eu queira, de verdade

Num corpo largo saltar em toda arte.