A Carapuça Censurada

Dêem-lhe um grão de arroz, pois fará uma farta plantação;

Dêem-lhe um humilde emprego, tão logo criará uma próspera empresa;

Dêem-lhe também um singelo amor, que a mocinha vos entregará a mais

[bela paixão...

Mas ainda dêem-lhe de súbito aquela árvore – essa carapuça constrói cama,

[ banho e mesa!

Dêem-lhe de presente um coração de poeta: aí a moça se atrapalha,

Briga com o poeta, xinga o poeta e até o chama de canalha!

Acaba por pisar em toda plantação e seu ódio implanta ervas-daninhas;

Acaba por sair de todas as empresas e ainda, para desgosto do patrão,

[ debruça-se sobre o INSS...

Acaba por destruir não só a bela paixão, mas mata queimado vivo

[o singelo amor;

E como se não bastasse, arranca de súbito as raízes da árvore e me rouba

[ a cama, a mesa e o banho;

Que triste! ao lado do poetinha, transforma versos heróicos em

[ poemas de síntese bárbara.

Mas não será sempre assim – já entendo

O motivo de sua imensa fúria!

É que o tempo anda rápido, sabendo

Que a espera, não gosta de andar de mula:

Se tanto serve a carapuça, és nula!

Obs.: É uma honra ter um poema censurado nos dias de hoje em que as pessoas se omitem cada vez mais. Em contradição com a lei, o site manteve a censura. Não perderei meu tempo brigando em vão na frente de um juiz. Só haverá calúnia, injúria ou difamação quando atribuições forem citadas. A lei de livre expressão da constituição federal existe para encerrar este assunto. Contudo, é bom saber que a poesia ainda incomoda...

Paulinho Parada
Enviado por Paulinho Parada em 23/04/2009
Código do texto: T1555089