DÚVIDA

Sentis o profundo silêncio que me envolve

Quando apenas respiro

E viajo até a tua pele?

Sentis o silêncio que há no fundo da minha retina

E que dos meus ouvidos tira qualquer som,

Para que as vozes da tua alma

Se tornem folguedos de menina

E até suas melodias

Eu possa ouvir

No imenso

E escuro

Silêncio

Do meu

Mar Interior?

Por acaso é isso que sentistes

Ao perceberes o meu contemplar-te discreto?

Sei não se sabes como a vejo melhor

No imenso lago do silêncio.

Nem se quer imagino

Que saibas

Que o escuro tem faces espelhadas

Onde danças menina as tuas cirandas mais lindas

Só para o deleite do meu saber

E que, pelas minhas mãos etéreas,

A levo a perderes o teu olhar

Por longínquos horizontes

Enquanto no exterior

Divagas nas tuas tarefas cotidianas.

Se não sabes,

Alguma coisa sentistes do meu espírito bruxo

A brincar com as nuances da tua aura dourada e leve.

Se não sabes,

Alguma coisa sentistes para deixares por instantes

O horizonte dos teus pensamentos e olhar de leve em minha direção.

Se não sabes,

Sentistes que alguém sabia o que o teu coração pensava tão distante

Antes de voltares ao horizonte dos teus projetos.

Se ainda não sabes,

Um dia te contarei que é dentro da tua luz

Que descubro os caminhos que te levam à vertigem,

Que é lendo o que há escrito dentro de ti

Que te encanto,

Que te fascino,

Que te seduzo para mim.

Que tocar-te a carne

Não é por que me pedes,

Mas para saber que eu vivo:

Um dia ainda te direi que não a amo mais do que a mim mesmo

E que não me afasto do teu calor para eu mesmo não morrer...

Quem brincou de brisa ainda agora

Para ver a seda azul adivinhar os teus contornos

Vai, depois, desnuda-la para ouvi-la dizer,

Entre o que subirá das canções das tuas cirandas

E outras tantas vozes,

O que pensastes nos horizontes

Quando estavas longínqua de mim.

Sei que pensas que sou muito,

Será que não sabes que não sou nada?

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 13/05/2006
Código do texto: T155645
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