Meus Filhos

Ah meus filhos...

Onde andarão?

Haverá poesia nas ruas?

Estará justaposta

A história no chão?

Poderei eu, pobre artista

Extrair ouro das minas

Recolher o brilho dos olhos

E ainda alimentar-me do pão?

Pois é, meus filhos...

Será que lembrarão

Da mata que já foi verde?

Do sangue derramado

Em prol revolução?

Saberei eu, velho e calejado

Enquanto calados assumo omissões,

Explicar-lhes das flores formosas?

Então dizer-lhes o quão bonita

É a rosa?

Ai, meus filhos!

Sentirão o som acústico

Do simples e belo náilon

Pelas cordas sofridas

De um esquecido violão?

Poder-me-ei, homem e romancista,

Chorar em meio ao vão

Se até o vão virou mar

E o mesmo mar, virou não?

Paulinho Parada
Enviado por Paulinho Parada em 25/04/2009
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