Poesia de Bolso 27 ( Que mistérios tem Clarice? )

Quando Clarice morreu

Era sei lá qual o dia

De um ano que já nem lembro...

Ainda não lera os seus livros,

A dor veio muito depois...

Era uma dor de saudades

De alguém que eu não conhecera,

Por quem não verti uma lágrima,

De quem não sabia as maneiras...

Quando Clarice morreu

Se não choveu, deveria

Prá que se apressasse a partida

Que nos apequena e angustia

E mais fermenta lembranças antigas

O tênue fio do cordão partido

Nos devolve à vida sem nenhum preparo

Caminhamos meio que cegos

Tropeçando em entrelinhas de ausências...

E hoje, ainda hoje, agora mesmo

Com tantos anos de Clarice morta

A lágrima que me arde a vista

É mais que sal: é Água Viva!

Aldo Guerra
Enviado por Aldo Guerra em 14/05/2006
Código do texto: T156236