Recanto

Estou a correr de um mundo senil

Que anda em rodas, adoentado.

Bebo o néctar amargo da solidão

Daquela flor que ali ficou.

E ficar, eu vou, tão murcha quanto.

A despedaçar as pétalas quando choro,

Neste vale finito, perdida.

E a doce ilusão que outrora

Abrigava a alma minha,

De tão frágil foi quebrada.

Não há, agora, em minha vida,

Um só recanto que me faça sorrir.

Cecília Afonso
Enviado por Cecília Afonso em 01/05/2009
Reeditado em 03/08/2009
Código do texto: T1570392