DOR DE UM FILHO

Ar quente da tarde

envolve corpos e mentes

entre esquecimentos e dor

ares de quem está alheia

à própria existência.

Há sofrimento dos entes queridos

visitantes do coração frio

de pais e mães senis, distantes

da própria vida sem rumo.

Como saber o que pensam

entender o que desejam

em que época estão

com quem falam...

Quanta beleza perdida

força vital se dizimando lentamente,

não sou mais filho.

Um estranho perdido

num universo mental envelhecido

pela doença maldita.

Nada há para fazer.

Só a espera,

a dor, saudade,

a lembrança do amor

revolta contida

lágrimas recolhidas na alma

sufocadas no coração!

O mal que domina o cérebro é atroz.

Impede os sentimentos

as lembranças recentes

aliena o olhar que

vê o nada.

Movimentos lentos, involuntários

sem direção ou ação,

gritos viscerais, ancestrais.

A alma pede socorro...

Agressividade aguçada

sem motivo aparente.

Presente de Deus o esquecimento...

Castigo para os filhos

que nada compreendem

apenas a dor persistente...

Ligi@Tomarchio®

LigiaTomarchio
Enviado por LigiaTomarchio em 03/05/2009
Código do texto: T1572784
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