Nos intervalos

Quando lê o texto

o cientista analisa

meticulosamente

preso em sua especialidade.

Se é exato,a tendência é

transformar tudo em fórmulas;

se é social,refletir sobre

as injustiças sociais;

se é biólogo,

enxergar em detalhes

os seres vivos;

se é químico,

deter-se nas substâncias.

Se é físico

reduzir tudo à ínfima

partícula.

Quando lê o texto

da vida,

o professor antecipa

a sua próxima aula,

o comerciante idealiza

promoções fantásticas

o industrial projeta

sistemas de produção

o empregado lamenta

a escravidão

o desempregado, este

não teme escravizar-se,

e o liberal descobre

que, afinal não é

tão livre assim.

Mas, em todos eles

bem ali no cantinho

vive o artista

o eterno adolescente,

descompromissado.

Alguns permitem solta-lo

e no trajeto encontram

a criança irreverente

dona de seus anseios.

Lindo encontro este...

gerando a arte espontânea,

o quadro encantador,

a música sublime,

o poema emocionado.

Outros, escondem

tão lindos traços,

nas sombras

sem saber conciliar

dois mundos aparentemente

tão diferentes.

E, conspiram, em agonia...

pela morte total e súbita

de todos os outros sonhos,

e sonhadores.

Sim,conforme a leitura da vida

traça-se o caminho.

Mas, o impulso de seguir

por desconhecidos atalhos de si mesmo,

está sempre presente.

Não importa a racionalidade

com que se trace o roteiro

no papel oficial.

Todo espaço em branco sempre convida

para uma travessura a mais...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 03/05/2009
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1573397
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