LEMBRANÇAS ANÍMICAS
Meus olhos Nórticos
Misturam-se aos horizontes,
Às espumas, aos ventos frios,
Ao cheiro do mar
Ponho-me em pé nas praias,
Nos dias nevoentos,
E esqueço o meu corpo,
Como no dia da partida,
E voo tão longe em busca de um quê.
Sei que não procuro a minha alma
Porque ela sou eu,
Contudo, são as marcas da saudade
De quem partiu e de quem ficou
Sem perfume, sem calor,
Que me encolhem de frio.
Qual dos dois era eu?
Não é doce morrer no mar;
O mar engole os ímpetos aventureiros
E nos entrega às trevas abissais
Da nossa alma inconsequente:
Partir, deixar o teu ventre,
Deixar o teu abraço quente
E os suaves sussurros
Dos teus planos murmurados
No aconchego do meu peito...
Oh, viajor!
Que castigo ter os horizontes
Por companheiro dos olhos
E vagar sem rumo pelo mar da alma
Sem achar praia para chegar...
Vago pelos horizontes das almas
Procurando na cor das retinas
Os sinais daquela menina,
Dona de todos os meus ais.