Uma mão irmão...

Cada um do seu jeito

Vai silenciando

Dentro de seu coração

As coisas que ninguém sabe

Que jamais saberão

Uma dor

Um amor

As cores correntes

Das bolhas de sabão...

Uma paixão

Que desperta cá dentro

Uma vontade de viver

De querer

De querer não se se sabe quê...

Cada um vai guardando

Aqui, aqui

As belas coisas oferecidas

Por esse dia

Esse dia que se foi

E se lembra ainda,

Mesmo que inconsciente,

Dos afetos que recebeu,

As cores nas asas de uma borboleta

Um ancião atravessando uma rua

Como uma ação muito perigosa

Seu olhar,

Seus olhares,

Sua extrema atenção...

Sua força.

Uma risada autentica

E destituída de malicia

Um riso natural

Que faz os olhos lagrimejarem

Vindo de um canto

O som é um canto que se busca,

Com avidez se quer saber

De onde vem tanta alegria...

E vem de onde?

E de onde é que vem?

De uma senhora

Uma senhora simples

De vestes simples

De casa simples

De comida simples

Com preocupações essenciais...

Mas ela ri

E de que ela ri?

Ela ri...

De boca toda ela ri

E ri com os braços e com os ombros

E com os olhos e com as mãos

E com a cabeça e com os pés

E tudo ao seu redor ri

As arvores riem

Os pássaros cantam

Os pássaros urbanos

Esquecidos de florestas

De época digital,

Os carros andam mais lentos

E todos observam

O riso da senhora

E ela ri tanto

Ri tanto ela

Parece que ri por todo mundo

Parece que nasceu apenas para isso

E andamos, andemos...

Um homem de mão estendida

De olhos fundos e face ressequida

Se aproxima

A gente se aproxima

E ele se aproxima

E antes que fale

Já sabemos para o que vem

E uns balançam a cabeça

E outros fingem não vê-lo

E ele é incomodo para a cidade toda

Mas para a mulher não

A mulher ri

Um riso que atravessa a terra e chega ao céu

E é musica para Deus,

E chega também aos ouvidos do homem

De olhos perdidos nos poços do rosto

Mas cada um esconde em si

As coisas que ninguém sabe

Nem saberão,

Mas a mulher ri

Talvez ela saiba

Talvez por isso ela ri...

E por isso esses olhares desconfiados

Como que aquele que tudo revela

De si estendo a mão

Que, pela atitude dos transeuntes,

Parece asquerosa,

Esse que revela de si tudo

Aquela que não revela de si nada

Talvez deixe todo esse povo meio que chocado,

Esses indecisos que não souberam,

Ou desaprenderam a rir,

Ou não tem audácia suficiente

Para estender uma mão,

Uma mão amiga,

Uma mão irmão...

(muito sono, depois termino...)

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 08/05/2009
Código do texto: T1583494
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