Almas sem destino
No tempo em que não há Sol
escuras manchas cobrem o céu
às pragas desdobram-se corpos
míseros cantares sob um véu
flagrantes ninar de dores
acalentando sobras de vida
nefasta confusão de cores
querendo iluminar feridas
miseráveis vícios desfalecidos
nos quebrados cantos da sina
homens por deuses esquecidos
cantam lamúrias com alegria
brilhantes ventos do destino
neviscando os olhos tristes
de fatigadas almas em desatinos
persistindo em morte cega
emaranhado de vidas tortas
dourando a noite às escondidas
são brilhos de almas mortas
divagando em largas avenidas
miseráveis, todos somos
ante o véu da hipocrisia
incontida no descaso
reproduzido na ironia
Até onde irá este matírio?
Existirá mesmo o inferno?
Ou será que neste espólio
há luar para delírios???