Labirinto

Preciso compensar toda

a dor que já infligi.

Preciso sem mais preâmbulos,

pacificar a tortura

de ser quem sou.

Preciso da ternura

para poder saldar

a dívida infinda.

Os lamentos,as perdas,

as ausências.

Preciso compensar todo universo,

todo composto de almas

que perambulam sem rumo.

Preciso enxergar a

torturante alegria

do olhar que sonha

e que nasce de um sorriso

que nada pede.

Preciso que alguém

me enfrente,

cara a cara, como antes,

e que me faça constatar

o que já sei

e não consigo realizar.

Preciso me sentir amada

para poder explodir

em êxtase, tudo o que

me vai na alma

e que meu espírito ressurja

da energia do amor.

Preciso reconhecer em

cada partícula de átomo,

todo o espaço que me foi dado,

todo o esplendor da vida,

todo o conhecimento

do que está estático,

sem absolvição.

Preciso da energia cosmica,

de chamas fulgurantes,

de tórridos e ferrenhos pulsos

que me obriguem

a pensar.

Preciso de um punhado

de argila,

para poder moldar

o que estaria certo

e contagiar-me com

o sangue que escorre

da cruz.

Preciso de um Deus,

um altar,

um precioso cristal

que me ilumine,

mostre-me o labirinto

de onde estou

quase ao final.

Marcia Barroca
Enviado por Marcia Barroca em 19/05/2006
Código do texto: T158924