Guilhotina

" Quem busca a eternidade, fala do que já não quer falar, pensa no que tem que esquecer, sentencia-se."

Edgar Ramirez

Não demore tanto que de mim tenho medo

Medo natural de que o encontro não se faça

Feneceu o sonho, destruindo a fosca vidraça

Queria que a dor fosse adiada ou viesse cedo

Sou um homem louco numa tempestade

Portando armas que não podem libertar

Um cigarro que não posso fumar

Uma parte sã, a outra, só a metade

Esse amor não verei em seu sorriso

Foi presunção achar que isso se daria

De seus lábios secos sai uma coisa fria

Queria uma chama, um beijo ou só um aviso

E é por isso, só por isso

Que estou em cada esquina, cada sopro, cada música

Cada corpo, cada urna, cada instinto, cada retórica

E o corte seco, fatal, impessoal, é por conta disso

Ricardo Villa Verde
Enviado por Ricardo Villa Verde em 17/05/2009
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1599959