Antigas Lembranças

Antigas lembranças

Me batem à porta

Nesta manhã.

Lembranças

De tempos idos.

De coisas e pessoas

Que não voltam mais.

Lembranças

Do dia de ontem.

De sonhos

Que fogem

Da alma

A cada

Raiar de dia.

O que fiz ontem

Que já se encontra

No passado?

E o passado

É a angústia

De não poder

Mais ter

O que já se foi.

Tenho sonhos

De criança

De riso fácil.

Mas são sonhos

Que ali morreram.

Que ali foram

Realidade um dia.

Penso que

O tempo passou.

E digo: Como

O tempo passou.

E porque

Me tocam agora

Antigas lembranças?

Estaria eu

Me sentindo só?

Estaria eu

Caminhando

Solitária nas

Ruas da vida

Sem encontrar

Uma mão amiga

Que me diga:

Tome, pega

Minha mão,

Caminhe comigo,

Somos iguais,

Também me sinto

Como você.

Vamos juntos

Encontrar

Um caminho,

Uma estrada,

Um lugar

Para descansar

E curar as feridas

Que corroem

Nossos pés.

Mas essas

Antigas lembranças

Me torturam a alma

E trazem tristeza.

Tristeza de ser

E um misto de dor

Que como grito

Quer aflorar

Nos lábios

Já curvados

E marcados

Pelo sofrimento.

E como

O tempo passou.

E agora

Me encontro

Entre uma

Nota de silêncio

E uma nota

De angústia

Que me fazem

Ficar perdida

A falar e

Cantar canções

Sem nexo

E coerência.

Perdi-me no tempo,

Perdi-me na estrada

E já não sei

Para onde ir.

Levou-me

O vento do norte,

Violento vento

Que carrega

Em suas

Entranhas

Um redemoinho

De dor.

Mas,

E essas antigas

Lembranças,

Que me

Fazem pensar?

Lembranças

De longe,

Lembranças

De perto,

Agora outra vez

Vem minha

Alma tomar.

Ontem

Me disseram

Ser meu

Mundo imutável,

Minha vida

Escrita

De tal maneira

Que nem eu

Possa mudar.

Pergunto então

De que adianta viver,

De que adianta escrever,

De que adianta sonhar?

Se nada muda,

Nem se transforma,

Não há razão

De existir,

Nem de sorrir,

Só de chorar.

E já me

Disseram

A bem

Pouco tempo

Que sou

Incapaz

De falar:

Vem cá,

Toma minha mão,

Vem caminhar

Comigo,

De-me teu amor,

Toma o meu,

E deixemo-nos,

De amor

Transbordar

Até a alma

Dos outros tocar.

E essas

Lembranças

Agora surgem

Em minha alma

E me pergunto

Outra vez:

Será que

Sou assim,

Que pensam

Isso de mim?

E é justo

O pensar?

Mas se sou,

Eu não sei.

E se sou,

Também sei,

Que então

Para gente

Assim,

Como eu,

Não deveria

Haver

Lugar

De viver

Nem de

Morrer.

E se sou

Lembranças

De ontem,

Só resta a

Mesma dor

Das lembranças

De ontem,

Amargo fel

À colher.

São antigas

Lembranças

De ontem.

Lembranças

Que agora

Me assolam,

Que agora

Me tomam

E me jogam

Neste mar

De incertezas

E solidão

De matar.

Maria
Enviado por Maria em 21/05/2006
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