Um Certo Moço Que Me Encanta

Ainda buscas uma razão que não encontras

Fazes perguntas, queres todas as respostas

Reviras-te pelos caminhos da pretensa exatidão

Como és tolo por não saber-te amando-me

Confundo-te em meio as tuas efêmeras certezas

Sorrio-me por te perceber a fugir, negando-me

E quanto mais te enredas no dever, poder

Tecendo-nos em teias de condicionais e cautelas

Mais sinalizo-te concordâncias, provocando-te

Quero ser mesmo esta porta entreaberta

A convidar teus passos, espreitando tuas vontades

Medindo tuas resistências e tantas contenções

Ouço teus silêncios premeditados, quanto te ocultas

Fingindo que não te habito o pensamento, o sonho

Temes meus verbos que despem tua boca

Que te conjugam sem pudores em delírios e ardores

Sabes-me explícita ao dizer que te quero

Receias a incontinência com que trato desta ternura

Do olhar-te, fluindo-me em desmedidas doçuras

Sorvo-te embriagada, e tanto sou assim no amor

Não sei aparar excessos, andar na ponta dos pés

Sou de profundidades, de não ignorar vertigens

Não me guardo nos lábios frios da hesitação

Derreto-me em confissões e todas as juras

E mesmo de ti distante, longe dos teus olhares

Declaro-me tua no lume dos versos meus...

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 21/05/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T160125