Calmaria

Meus caminhos são um desenrolar de emoções

como fontes de luz fria, estrelas a reluzirem

diante dos meus próprios olhos, a despertar meu mundo.

Vou seguindo alheia num vazio a procurar, sem encontrar

espreito olhares absortos e distraídos,

indo embora num passo firme e decidido...

Vejo-me na solidão, dou-me enfim por vencida

triste sina querer reviver o que já fora esquecido.

Dos casos e descasos deixados no além

voltam delírios de uma alma atormentada.

No âmago, um reflexo, uma sombra

nunca houvera uma mulher amada.

Mas não é o fim, ainda que amargurada

renasço do pó, alimento meus sonhos

e imagino alegria em dias tristonhos.

Quero ver a lua e profanar sua melancolia

abrir meus braços para serem asas.

Voar onde nem mesmo os pássaros conseguem chegar.

desvendar enigmas, gritar a dor em flor de nostalgia

Depois desse ardor fugaz, grande calmaria...

Dispo-me mais uma vez do veneno, que tanto angustia.

E volto a fazer minhas eternas vigílias.

Mérci Benício Louro