DESABAFO

Só nos momentos difíceis,

Entre prantos e lamentos,

Surge nova dor na desilusão,

Na esperança não sei crer,

Pois ela surge e desaparece,

Tão rápida, tão mortal,

Que o pranto torna-se lágrima,

Mas uma lágrima interior.

Por ver-se partir, parte de um amor...

Amor não revelado, por medo...

Medo de ferir e de perder.

Agora este amor que reduziu...

Reduziu meu ser a nada...

Nada que possa ser útil,

Sobrou corpo e alma,

Acabou o que sobrou da vida,

Da vontade de sorrir,

Da alegria de viver,

Dos sonhos e do saber.

Ao se tocarem os lábios,

A dor foi mais profunda,

Pois não eram os meus

Que aos seus se uniram.

Fechei os olhos não olhei,

Mas os segundos tornaram-se minutos,

E a mente traçou imagens...

Imagens que me tornaram fantoche...

Fantoche de mim mesmo,

Que sabendo teve medo...

Medo de falar e enfrentar.

De olhar para o futuro...

Futuro que se transformou,

Em uma tragédia em forma de comédia.

Tragédia por não mais confiar,

Comédia pelo medo que é real...

Real pois ao temer falar

Para não perder um amor,

Perdeu talvez por não falar.

Mas é somente uma lágrima a mais,

Que se contorce para poder rolar...

Rolar por uma face rígida...

Rígida pelas dores do tempo,

Pelas tragédias e comédias.

Uma face que na tristeza sorri...

Sorri para conseguir forças...

Forças para poder enfrentar,

Não ao inimigo mas a si...

A si que pelos dias está padecendo...

Padecendo pela ignorância,

Pelo medo...medo de reagir.

Sem poder deixar, uma lágrima rolar,

Rolar pela face... face esta enrijecida,

Pela vida, pelas palavras ocultas...

Ocultas palavras de um amor...

Amor este que se despedaça.

Tal e qual mais fino jade.

Sentir é um engano ou não.

Talvez nunca sentiu, só imaginou...

Imaginou por não ser capaz,

De sentir uma real paixão,

Ou se as paixões foram reais...

Reais e fortes que me feriram,

Feriram a tal ponto que não sei,

Se é, será ou já foi.

Mas ao descobrir será tarde,

Já se foi toda uma vida...

Vida, esta de incertezas,

De lágrimas não choradas,

Não derramadas pela face,

Mas que inundam o coração...

Coração que bate lento compasso,

Que se perde por dias, anos.

O real será que quando souber

Já não haverá mais tempo...

Tempo para continuar a viver,

Pois já será tempo de esquecer...

Esquecer de alguém que se amou,

Alguém que não sabia... nem saberá,

Ou saberá... só o tempo poderá dizer.

Escondo-me atrás de meu sorriso...

Sorriso falso, pois meu coração chora...

Chora por não saber, se ou por que,

Declara-se, ou por que ama.

A resposta é vaga, a pergunta continua.

Só posso voltar a me esconder...

Esconder-me em mim, atrás do medo...

Medo que sempre estará comigo,

Até poder saber se sou humano...

Humano em um todo, não em partes,

Partes que não consigo unir.

Fugir de mim é a comédia,

Esconder-me é a tragédia,

Talvez eu ame ou não.

Espero que me volte a esperança,

Que retorne o brilho do olhar,

Que possa realmente amar,

Que venha a coragem de falar

EU TE AMO!

Ernesto Ehmke
Enviado por Ernesto Ehmke em 23/05/2009
Código do texto: T1610697