***ARQUIVOS DE NÓS DOIS***

Não, não fale nada

Esta é a última dança

Portanto, se cala e sente

O som que nos embala

Nessa velha e esquecida canção...

Daqui a diante só seremos isso

Lembranças puras, pura solidão

A nos levar por caminhos vãos...

Olha-me bem, registra minha imagem

Como derradeira fotografia arquivada

Na memória das tuas retinas

Mareadas por alucinada saudade

Prenúncio da separação...

Apalpa meu rosto, minhas formas

Como se esboçasses um clichê

Onde a sensação do toque

Possa ser tão real, que

Ouse saciar os teus instintos...

Leia nos meus olhos o que eles dizem

Neles estão leituras de nós dois

Será, somente, nas lembranças deles

Que poderás ir além nas fronteiras dos teus sentidos

Sentindo teu coração bater compulsivamente

Percebendo na intensidade dos batimentos

O quanto ainda estarei em ti...

Espera, não te vás ainda

Para que estes versos não tenham fim

Será a minha vez, agora

De olhar-te, apalpar-te, anotar-te

Nas entranhas da minha intimidade...

Preciso te levar comigo, em mim inteira

Da cabeça aos pés, no meu sexo

Na memória mais sutil de mim

E dentro de um coração pulsante...

Não sei quanto vale um sentimento

Nem o peso de uma paixão

Só sei que para nossa agonia

E desse amor grande e profundo

A música se faz cada vez mais lenta...

Ah! Que pena o ritmo dos acordes

Consumindo os últimos compassos

Levando nossos passos ao descompasso

Desmanchando aos poucos nosso abraço

Que só será outra vez percebido

No rastro de uma linda estrela

Ao cruzar-se com outra no infinito!

Nikitita...a poetinha de Niterói

Angela Oliveira
Enviado por Angela Oliveira em 23/05/2006
Reeditado em 23/05/2006
Código do texto: T161111