***ARQUIVOS DE NÓS DOIS***
Não, não fale nada
Esta é a última dança
Portanto, se cala e sente
O som que nos embala
Nessa velha e esquecida canção...
Daqui a diante só seremos isso
Lembranças puras, pura solidão
A nos levar por caminhos vãos...
Olha-me bem, registra minha imagem
Como derradeira fotografia arquivada
Na memória das tuas retinas
Mareadas por alucinada saudade
Prenúncio da separação...
Apalpa meu rosto, minhas formas
Como se esboçasses um clichê
Onde a sensação do toque
Possa ser tão real, que
Ouse saciar os teus instintos...
Leia nos meus olhos o que eles dizem
Neles estão leituras de nós dois
Será, somente, nas lembranças deles
Que poderás ir além nas fronteiras dos teus sentidos
Sentindo teu coração bater compulsivamente
Percebendo na intensidade dos batimentos
O quanto ainda estarei em ti...
Espera, não te vás ainda
Para que estes versos não tenham fim
Será a minha vez, agora
De olhar-te, apalpar-te, anotar-te
Nas entranhas da minha intimidade...
Preciso te levar comigo, em mim inteira
Da cabeça aos pés, no meu sexo
Na memória mais sutil de mim
E dentro de um coração pulsante...
Não sei quanto vale um sentimento
Nem o peso de uma paixão
Só sei que para nossa agonia
E desse amor grande e profundo
A música se faz cada vez mais lenta...
Ah! Que pena o ritmo dos acordes
Consumindo os últimos compassos
Levando nossos passos ao descompasso
Desmanchando aos poucos nosso abraço
Que só será outra vez percebido
No rastro de uma linda estrela
Ao cruzar-se com outra no infinito!
Nikitita...a poetinha de Niterói