Sombras
Estávamos lá, na pedra do inferno, sentados.
Atrás de uma lápide.
Teu corpo junto...
Minha boca amordaçada num amálgama,
Meus dentes soldados
No aço do pecado.
As sombras da nossa indecência,
Projetadas sobre os pedaços
Do que chamava minha inocência.
Expostos ao mundo...
Nunca tive tantos parentes,
Nunca tive tantas mães, pais, padrastos
Que me olhassem diferente
Eram olhos que me censuravam:
Nunca tive tanta importância
Nesses últimos instantes.
E minha alma fugitiva,
Escondendo-se nos escombros da vileza,
Enquanto meu corpo sorria de volúpia
Arquejado sob tua forma satânica,
Absorvendo tua língua de fogo.
Amarrados um ao outro...
O calor dos luxuriosos.
Minha alma aos prantos
E nossos corpos absortos.