Narcisa
Ando a falar de mim
Como se eu nunca houvesse aqui
Canto o assombro de me descobrir presente
Mesmo na ausência de me conhecer
Ando a narcisar o que sou
Para me fazer maior,
Parte de um todo que era real.
Mas o enfoque que me é perene
É desfoque da lucidez
Trago na cegueira prematura, enfim,
A certeza: eu sou.
E ainda assim,
Tudo o que sei de mim
É o não ser do que sou.