O real e o ideal.

“Traduzir uma parte

Na outra parte...”

Ferreira Gullar

Vejo com olhos que tenho

A alma supõe quem eu sou

A sobra é a obra do engenho

A vista que a imagem negou;

Vejo a minha alma no gesto

Que promove um tolo ideal,

Tão certo que me contesto

Nas causas que acusa o real.

Quando olho, vasculho tudo;

Descubro enquanto escolho,

Deslumbro, avisto o mundo

E guardo no fundo dos olhos.