Vassouras

 
Vassouras espalham-se
em tabiques disfarçados
de vidros brilhantes
em triângulos disformes
perdidos no espaço
 
Vassouras dançam
por cozinhas confusas
de lixo solto
num vazio aparente
sobre lençóis poeirentos
esquecidos na penumbra
 
Vassouras arrastam-se
Dobram-se num desenfrear
de vozes infantis
ingénuas vivas
sobre estrados de cetim
no esquecimento inocente
desta humanidade
 
Vassouras raspam
limpam lixos nucleares
no descampado perdido
de campinas amarelecidas
no imprevisto de uma tempestade
dum tufão em redemoinhos
destruidores sedentos
 
Vassouras gastas
cansadas
naquele andar incerto
sobre lixos multicores
sujos num caminhar
para a incerteza de um horizonte
 
Vassouras chiques
penduradas como baronesas
em paredes pintadas
com frescura    envaidecida
 
Bailes de vassouras
que rodopiam   saltam
ao som de uma valsa
de um tango    de um bolero
mas rodopiam até cansarem-se
E todos se esqueceram delas
a um canto da cozinha.
pedrovaldoy
Enviado por pedrovaldoy em 28/05/2009
Reeditado em 22/12/2009
Código do texto: T1620371