MINHA VIDA
NALDOVELHO
Minha vida, feito sábia,
tece teias, traz mistérios,
diz que a pele que me cobre,
ainda que, hoje, enrugada,
é a armadura apropriada
que Deus pode ofertar.
E que a viscosidade deste sangue,
que entope minhas veias,
vem por conta de estiagens,
inquietudes e gasturas,
por viagens, descobertas,
coisa própria de poeta,
tão teimoso, coisa incerta,
que custou tanto a crescer.
Enxugo os olhos, que bobagem!
Madrugada corre solta,
e eu não sei seu endereço,
e desconheço o seu apreço.
As notícias que hoje eu tenho
são confusas, qual novelo
que um gato embaraçou.
E as teias, meus enredos,
coração ainda apronta,
vez por outra ele tropeça,
e não há nada que o impeça
de morrer de bem querer.
Café forte e encorpado,
acrescido de um cigarro,
saio às ruas meio tonto,
disfarçando o meu intento,
se bobear ainda agüento
amanhecer nesta cidade,
e apesar da chuva fria,
apesar da maresia,
ainda creio em você.
NALDOVELHO
Minha vida, feito sábia,
tece teias, traz mistérios,
diz que a pele que me cobre,
ainda que, hoje, enrugada,
é a armadura apropriada
que Deus pode ofertar.
E que a viscosidade deste sangue,
que entope minhas veias,
vem por conta de estiagens,
inquietudes e gasturas,
por viagens, descobertas,
coisa própria de poeta,
tão teimoso, coisa incerta,
que custou tanto a crescer.
Enxugo os olhos, que bobagem!
Madrugada corre solta,
e eu não sei seu endereço,
e desconheço o seu apreço.
As notícias que hoje eu tenho
são confusas, qual novelo
que um gato embaraçou.
E as teias, meus enredos,
coração ainda apronta,
vez por outra ele tropeça,
e não há nada que o impeça
de morrer de bem querer.
Café forte e encorpado,
acrescido de um cigarro,
saio às ruas meio tonto,
disfarçando o meu intento,
se bobear ainda agüento
amanhecer nesta cidade,
e apesar da chuva fria,
apesar da maresia,
ainda creio em você.