O Vôo do Colibri
Desolada e infeliz com minha vida
Coloco-me debaixo da água fria
A crer que nada mais me restaria
Pois em um ano nunca fora ouvida
Saio do banho toda esbaforida
Despejando arsenal de versaria
E no ápice total de alarvaria
Vejo-me no espelho refletida
Noto agora a beleza desta imagem
A rorejar aljôfar prateado
Sinto o meu coração descompassado
Pulsando a despertar alma selvagem
Tez eriçada, rosto sem maquiagem
Ventre livre e o corpo embriagado
Doces curvas, regaço perfumado
Pura tentação à libertinagem
Num consciente ímpeto de loucura
Atiro-me ao espelho e sugo-me a alma
Dos conceitos me dispo por m’nha palma
Convido-me a gozar desta pintura
Com minha amante faço uma aventura
Toque, prazer, deleite que me ensalma
Satisfação perfeita que me acalma
Com meu novo amor sinto-me segura
(Parceria com Marco Hruschka)