Vida Oblíqua

Pessoas que percorrem suas veredas, direções,

No concreto, sentindo-se ocos e mecânicos;

Espalhados nas esquinas, nas placas, nas alienações,

Só se vê o frio maciço dos duros cimentos.

Melancólica sinfonia do fim de tarde,

Notas tocadas nos ardores da tristeza,

Conjunto esculpido em partitura que arde,

Trazem o sopro solitário da crua incerteza.

Ele pensava inconcebível sentir-nos isolados

Na agitação das buzinas, dos gritos selvagens,

Mas ao cruzar com sentimentos velados

Vê pessoas que não possuem imagens.

São rostos embaçados, indecifráveis,

Sem expressões, sem individualidades,

Pessoas que, ao consumismo, são contáveis,

Fora do contexto, meras banalidades.

Que mal existencial fortemente nos assola?

Gente sem vida, sem ritmo, sem cadência,

Que aflição, doença, calamidade nos degola?

Vejo a humanidade perdida e sem essência.

O homem inutilizado dentro de si mesmo,

Não se comunica, murmura incompreensão,

Vive às sombras, caminha sempre a esmo,

Padece sempre, nunca há uma segunda direção.

E quando a dor de viver não mais suporta,

Debaixo do carro dessa vida o homem se aborta,

Para um outro campo sua alma se transporta,

Como um protesto contra essa sociedade morta.

Luigi Ricciardi
Enviado por Luigi Ricciardi em 30/05/2009
Código do texto: T1623565
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