A SEGUNDA EXPERIÊNCIA

obrigações, longe de parecerem obrigações,

tarefas de tarefas,

[irresponsabilidade por um triz]

e nós,

numa alegria de dar inveja à felicidade!...

[casamento de papel passado não é nenhum bicho-de-sete-cabeças]

o papel do marido não é só ser marido, o da mulher não é só ser mulher,

casar não é levar o amor a ferro e fogo,

é levar com humor a vida a dois,

com o mesmo humor de quem a nada leva a sério

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

em mais um abraço nosso, um acontecer plural de casas,

onde

cônjuges garantem que nenhuma tarefa é tarefa ou obrigação é obrigação

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

se aparas a grama, busco o rastel

se pintas paredes, pego o pincel...

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

além de abraços, beijos incontroláveis:

e, cada vez mais casas,

e mais maridos, e mais esposas a funcionarem assiduamente

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

vez em quando, ao acordar, um cigarro seu – queimado – sobre o tapete,

a tábua do vaso sanitário invariavelmente de pé,

quando sede, a geladeira aberta,

e a mesma luz acesa!...

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

se a coisa apertar,

na mesa da sala de jantar, cortaremos os supérfluos,

perderemos passeios, teatros, cinemas, parques de diversões e jantares!...

se uma cria insistir em vir,

mais xixis, mais proximidade, menos supérfluos,

e, na farmácia, uma conta impagável em fraldas descartáveis

[e nós, numa alegria de dar inveja à felicidade]

enfim,

quando uma vontade de dar-nos algo bem mais do que só felicidade,

é definitivo:

casamento de papel passado não é bicho-de-sete-cabeças!

Djalma Filho
Enviado por Djalma Filho em 31/05/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1624153
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