O mundo grita

O mundo grita:

Precisou a natureza soltar o som de sua fúria para atuarmos.

Precisa o tiro soar para que nos protejam.

Precisam as pessoas lamentarem para que a mídia mostre.

Os doentes gritam por socorro.

Os cidadãos “berram” por justiça.

Os desabrigados choram por solução.

Os famintos...

Estes nem voz tem mais para gritar.

Os candidatos argumentam por votos.

Os eleitos brigam por dinheiro.

E enquanto elaboram leis,

Alguns deles mesmos as ignoram

Numa dimensão de 190 km por hora.

Enquanto isso,

Mais duas mães gritam por justiça.

Porém, há um grito que poucos escutam.

Dos poetas...

Os poetas gritam por amor, paz e justiça.

Gritamos em todos os lugares:

Livros, música, teatro, jornais.

Mas em meio a tantos gritos,

Somos apenas mais um na multidão, como diz o próprio poeta.

Estamos sufocados pelo crime, ódio, discriminação, injustiça, corrupção, frieza.

Mas não paramos de gritar,

Na esperança de que um dia não só o nosso,

Mas o grito de todos aqueles que lutam por uma causa justa seja ouvido.

Grite, lute, até a morte.

Mesmo que seu nome seja apenas mais uma estatística,

Ou quem sabe, uma rua qualquer,

Mas você gritou.

Só espero que não nos ouçam tarde demais.