Corpo

Falam sentimentos roucos

Pelos os poucos que me restam

A audácia de quem é joio

Um odor de excremento

Rasgam cordas de instrumento

Persona de ódio puro

Se pendurar pelo cabelo é

Dar sono a cabeça

e o corpo

Postas de peixe fresco

Como à beira da estiagem

Me contento com gole

Sujo mesmo

Me contento...

Recalcados a espreita

Flertando com o sagrado

Hoje esfolam os joelhos

Amanhã é profanado

Tudo

Meu dedo indicador

Eu perdi

Eu perdi

Perdi...

Era cínica a doença

Sob o céu amarelo

Escritura em frangalhos

Com meu dedo lá timbrado

Não longe o fresco da serra

Uma ponte de quimera

Que me dera...

Gritarias de hospital

E cabeça gemendo

A quimera é viral

Para o corpo

Mas o amor faz corpo

O barro é pedregoso

Juntas quebradiças

Ossos de trigo

Remoendo

E não posso

Com nada disso

Água passa pelos dedos

Água passa pelos dedos

Água passa pelos dedos