VergOnha em rimas

Não!

No fundo do rio os peixes não sabiam dos mensalões.

Não sabiam que Lula era presidente de uma Federação.

Não eles não sabiam não.

No alto, no ar, as pombas que voavam

Também nada sabiam de cá.

Elas não viram o político aprovar

Uma lei e depois burlar.

Ele matou alguém...

Mas as pombas não souberam quem.

As cobras, a rastejarem-se,

Sentiram da terra sua transformação.

Elas presenciaram a desaparição

De mais e mais arvores,

Talvez saibam o porquê...

Talvez não.

Cá da floresta, tantos bichos não sabiam:

- Há duas Córeias que brigam!

- Há crianças que mendigam!

- E um ser que assiste a TV.

- Um avião desapareceu

(Eu sei que alguém escondeu)

(Alguém que não eu!)

- Há muito a se fazer...

É, meu amigo,

Os bichos não são racionais,

Não precisam ler jornais,

Não sabem votar.

Mas se importam uns com os outros

Com suas sobrevivências,

E nas suas cadeias alimentares,

Jamais matam por matar.

E, estejam certos,

Isto não é um poema

Nem do teatro, uma cena,

Não isto não é não.

Isto é um vômito de culpa,

Um ‘quê’ de astúcia

De quem convive nas linhas

Que pleiteiam os jornais.

Isto é só a vergonha em rima

De alguém que desse estilo não gosta

E mesmo não gostando, cede e rima.

(e, ao final, como sempre, desafina!).