Púrpuras tardes

No silêncio turvo e gélido,

espelhos e sorrateiros passos melódicos,

fundem-se em enigmática noite.

Serenata indesejada à janela,

assobios de ventos são augúrios

a arrepiar a epiderme da madrugada.

Com gotas de claridade,

vaga-lumes,

sintagmas-luzes,

ponteiam o manto negro

do cio da escuridão.

E surgem

murmúrios de brisa

a balançar o escuro véu,

soprando vida,

despedaçando a solidão,

em tímidos veios de cor.

O dia avança,

com a liberdade de um condor,

sabendo que outra vez morrerá.

Púrpuras tardes,

prelúdios e presságios,

que outros passos e espelhos

urdirão de mistérios

outras noites sem estrelas...

David de Medeiros Leite
Enviado por David de Medeiros Leite em 04/06/2009
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