À mulher que me espera

À mulher que me espera

Tu que estás a minha espera

como uma aurora pálida de desejos

como uma flor mendigante de orvalhos

venhas ao meu encontro com urgencia

Que eu estarei com meus braços magros

abertos para ti como um porto deserto

na noite de embarcações errantes

eu estarei aqui como uma criança

atenta a chuva que cai a cantaros

e tu serás como as sete cores

que se abrem em meio às tristezas incontaveis.

Não tenho muito pra te oferecer,eu sei.

Algumas palavras de poeta perdido...

beijos de uma boca ressequida na solidão...

e momentos desolados em que à tua sombra

estarei a destilar todos meus desgostos.

Mas sei que estás em algum lugar

com os olhos úmidos do amor desencontrado

com o peito ofegante dos que buscam o sol

e só se deparam com noites e portas fechadas

Sei que estás em algum canto, insegura...

mas não precisa teres uma beleza extravagante

nem lábios molhados como conchas de desejos

nem a pose misteriosa de astros na madrugada...

pois eu apenas apreciarei em ti o gosto pelo perdão

o cultivo de flores e momentos simples...

e o prazer de ficar horas e horas

adivinhando estrelas e constelações.

ah,mulher que me espera...

não me esperes mais,venhas ate mim!

mas venhas com paciencia...

uma longa paciencia para me ouvir

Tito Livio Lisboa
Enviado por Tito Livio Lisboa em 07/06/2009
Código do texto: T1636439