NO TEMPO DE TANTAS NOITES

O amor tomava a menina nos braços

Quando adormecia acordada no sofá gasto

Eram os braços do pai que a erguiam

Com fulgurante carinho

Em um caminhar balançado e vasto,

O pai sabia que “em tempo”

A menina não dormia,

De forma pueril, fingia

Recolhida no cantinho.

O tempo, era um aconchegante ninho

Espelho de infância, sonhos, lembranças...

Tantas portas e janelas

A se abrirem e se fecharem

Macias, rangentes,

Preguiçosas, indolentes.

Pousada na cama, abria os olhos

Persianas da alma

E imaginava a vida!

Assim, trespassava em sua boca

Um gosto de uma leve calma

Olhando as sombras e claridades ternas

Deambulando o pensamento alhures

No tempo de tantas noites

Sem enxergar as futuras idades

As perdas e dores que a aguardavam

No tempo de futuras noites.