NA CASA ONDE NÃO HÁ NEM LEONARDOS NEM MONALISAS

no centro da sala

da casa que te dei de presente,

uma arca antiga, uma memória usada, um baú de ossos,

e um sorriso teu, absolutamente constrangido

olhamo-nos como se chegássemos

para brincar de ganhar um jogo de memória de um tempo antigo:

acertaste em cheio quando achaste um exame de gravidez – teu – perdido

[e mais um outro riso, absolutamente constrangido]

dos pergaminhos mofados

trouxemos, de trás, histórias esquecidas,

retratos já sem falas, mortos já sem vida, almas sem mais cais,

e, sem cuba-libres,

[nem hi-fis]

demos um adeus a tudo já tão ido,

– tudo passado –

pois, quando te abri a casa, me dei de presente,

e despejei para sempre a memória usada, o baú de ossos, a arca mais antiga,

[tudo por nós vivido]

e, principalmente, os sorrisos constrangidos.

Djalma Filho
Enviado por Djalma Filho em 08/06/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1639185
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