Onibus da cidade

Onibus da cidade

Anonimos vamos no onibus da cidade

todos com a mesma cara de sofrimento

pois a parada não chega,que tormento!

muitos sentados,outros sem tanta vaidade

Menininhas sobem com cadernos na mão

talvez enviadas pra dar um toque de graça

e amenizar a dor da hora que não passa

como se a tortura precisasse de ilusão

Mas as menininhas estudantes nem dão bola

seguem aflitas pois o portão fecha cedo

e nessa demora em que vamos não é segredo

que elas ficarão bem distante da escola

E anonimos vamos no onibus da cidade

uma senhora reclama,quer seu lugar

um cancioneiro dedilha cançao popular

e a vida segue sem romance nem alarde

Vou lendo um trecho do livro de Dante

e uma comparação cai do horizonte

somos todos passageiros do barco de caronte

indo para um dos círculos dilacerantes

Mas isso aqui é mesmo uma grande comédia

louca comédia...é divina ou não é divina?

só rindo da sorte que a nós se destina

para levar a vida nessa idade média

E anonimos vamos no onibus da cidade

numa completa e inexplicável alegria

que não se explica numa única poesia

so vivendo para senti-la de verdade.

Tito Livio Lisboa
Enviado por Tito Livio Lisboa em 10/06/2009
Código do texto: T1641314