Poesia densa

Os cães rodeiam suaves

E onde a voz é imperativa os mansos estão pastando

Onde o universo é resumido

os pobres se comprmem em estômago e boca

Pode me vir o pássaro da alvorada

que ainda serei repugnante

Mas se me vier você num corpo limpo

estarei seguro do meu sangue

Nos silêncios das trilhas noturnas

Os animais rastejam e chocalham suas caldas

As sementes de degradação saem das tocas

As mulheres são mulheres

No impetuoso recolher de sobriedade

todos estamos a deriva

banhados de saliva

E os javalis espetados na brasa

O império é o sol

O mundo é o prêmio

Dia e noite

Porta e prrostrado

Diante da palavra o corpo é o mal

O mundo é sal com os filhos em celas

E ainda mais puros somos

nos jardins de nossa existencia

Ao meu filho dou a tarefa, o pão e a água

A folha se desprende para seus olhos

e então lhe dou a lição

E a mulher trabalha

E o trabalho é sagrado e limpo

é encorpado como doce de fruta tropical

Suave como o pássaro da alvorada

Suave

Suave

Tão suave é um coração pleno

E tão amável é quem é alguém

Você é adorável e repentina

Concreta, natural, afogada em empáfia

O desprestigio de nossos senhores

A aliança de nossos colonizadores

Minha razão não nega

Minha alma não se entrega

Não compenso males com as flores finas dos campos

Assim como é desonesto lucrar sobre o trabalho dos fracos

e competir com os tolos

O é negar a sujeira

E soberbos assim, ninguém se dispõe a preencher

O canhão e a hortaliça intacta

Tão bonito o que é

E meus olhos não sabem enxergar de outra forma

E assim é quando me surge tua forma

Em curvas que dão a dimensão das terras,

os sinais de perígo dos penhascos

Assim como conduzem o bom vento nos topos

e terminam na completude para mim

Cada mesura me conduz a teu dominio

E como são grandes

mnha melancolia e minha insustentação

Se me abro a apreenções minhas fantasias terminam a teu lado

e vão desembocar no oceano de dores

Assim como posso concluir que a navalha decapta cabeça tombada

sei que me perderei nestes domínios inóspitos e gelados

Concretos como o bichano ardilosso que me envolve os pés

Nestas manhãs úmidas

Incompletas e amenas

Não vi fumaça ou faísca

Nem mesmo um falatório para repudiá-los

Ecoam apenas tuas palavras empossadas

E tua presença no destino é certa

E como não sou louco

Só digo o que sei

E a navalha é de bom corte

E você é veneno e sabor

Ainda posso submergir em torpezas naturais

Posso falar

e me ouvir dentro de um furacão feroz

Além da claridade dos espelhos

É para onde me conduz:

onde cruz é roda de festa

Já estou asseado

Calmo, melancólico, triste

Já tive meu último lampejo

e já sinto sua respiração

O dia costuma ser cruel

Mas ao desembocar nos seios de completude

O espírto não se importa em falir

na espera de algo além