INCÓGNITA.

Deve-se falar agora tudo que se tem para dizer,

Não deixar pra depois, pode o amanhã não acontecer,

Se não se diz agora, e num sopro tudo desaparecer!

Então, deve-se dar a conhecer, agora:

Das flores e das noites de insônias;

Dos tormentos e alegrias;

Das águas que se formaram dos choros;

Das caricias adultas e sobre o rizo das crianças

Das perdas e dos amores;

Das brisas e do sol que aquece as gentes;

Do santo e do que não é sagrado;

Das ondas do mar e tormentas no ar;

Do hálito quente sobre a nudez da paixão

Dos esquecimentos e das lembranças;

Do hoje e do porvir;

Do arar e da colheita;

Daquilo que vai no coração;

Fazer conhecido o agridoce de todo viver, antes que todos os verbos se consolidem numa incógnita, eternizando o silêncio, pondo fim, e, definindo ao cabo a amplitude do Morrer!

Cláudia Célia Lima do Nascimento
Enviado por Cláudia Célia Lima do Nascimento em 16/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1651406
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