Poesia de caminho
Pálido e parvo
Me vejo a dialogar com o dia
E o joio sucumbe em preces de fome
Quando montei o burro sob sol a pino
Carreguei comigo pompa e caminho
Retifiquei os emblemas
pois esta gente é inadequada
Sou pior do que nasci
Portanto piso com dois pés
Rompo minha espinha bem solado
E não poupo o óleo das lamparinas
Por todo o dia
Era eu por todo dia
Os cachos de proveito se estendiam caminho a frente
E num lampejo figuraram teus olhos de tubarão
E você foi tão insensível a meus calos
Tão inoportuna e verídica
Primário são as macaquices e a mentira
O que se espalha pelos lugarejos
não consome o leite das parteiras
Festejamos à noite
Cortejamos a natureza dos sentidos
e gozamos do mundo devotos
A morbidez soa tão inoportuna nestas vielas caótica
sem o tempo da dor
Minha angústia é lançada ao Mediterrâneo
e eu ao trevo
Lamento,
pois minha palavra nunca falhou
E se fui dado àqui
não me abato com o que é péssimo
Cruel mas não desumano
Profano mas não tratante
Tombado mas não serviçal
Ao olhar para a pétala
e para os pequenos
Lembro-me do fogo e do sono
Do quão divinos e privados são os anjos