Órfeu Negro

Se algum dia eu te amei...

Se eu te amei.

Ao invés de dizer calei.

Calei como Adão e Eva de pedra,

Assentado diante dos muros a inventar

Um paraíso de céu e de inferno,

Cujo pecado outra vez dividindo,

Só eu criei.

Não obedeci a lei.

Tudo no mundo podia ser diferente,

Mas eu errei.

Por querer ser mais do que gente.

Sem saber, ao te ofertar o vinho,

Com todo o meu carinho...

Envenenei-te, te matei.

E a dor, como pranto tomou os seus olhos,

Pondo o corpo,

Que enumeras vezes no escuro da noite desenhei...

Em versões de misérias.

Misérias, que hoje notificam as almas,

Em incontáveis momentos de tristeza.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 17/06/2009
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