Órfeu Negro
Se algum dia eu te amei...
Se eu te amei.
Ao invés de dizer calei.
Calei como Adão e Eva de pedra,
Assentado diante dos muros a inventar
Um paraíso de céu e de inferno,
Cujo pecado outra vez dividindo,
Só eu criei.
Não obedeci a lei.
Tudo no mundo podia ser diferente,
Mas eu errei.
Por querer ser mais do que gente.
Sem saber, ao te ofertar o vinho,
Com todo o meu carinho...
Envenenei-te, te matei.
E a dor, como pranto tomou os seus olhos,
Pondo o corpo,
Que enumeras vezes no escuro da noite desenhei...
Em versões de misérias.
Misérias, que hoje notificam as almas,
Em incontáveis momentos de tristeza.