Águas do meu reino

Quantas vezes fui chuva breve:
fraca, miúda, gélida, sem graça
que virava temporal contínuo:
sonoro, forte, poderoso, contestador.

Já me fiz nascente pura
a escorrer do pequeno monte,
que virava cachoeira torrente
ao explodir sensações incontroláveis.

Do mar, tornei-me marés,
no vaivém das emoções redentoras:
ora onda, vezes vaga,
sempre ressaca a lavar-me a alma.

Já fui lago plácido,
lagoa de inundações tétricas;
hoje, no auge de meu sonhar,
sou rio que passa cantando.