Avaliando sempre...
Palavras simples ou complexas
não mostram tanto da alma agoniada...
Os olhos, sim, no verde ou no castanho,
trazem a marca da poesia amargurada...
Foi-se o tempo da colheita abençoada...
Foi-se o tempo das manhãs de sol...
ou da chuva respingando na janela...
Hoje, a noite chega demonstrando
que a vida é pouco mais que uma tijela...
Lutas ao longo da jornada desta vida...
Buscando acrescentar um quase nada...
É quando se percebe que vivemos
numa cela da alma desterrada...
Vemos passar o tempo como o vento
despenteando a cabeleira agitada...
Sonhos de luz guardados nos provérbios,
em que se desmantela a madrugada...
Nasce o dia e o novo não sucede
o anterior, que passou cheio de dor...
Ainda, acreditamos que um dia
ressurgirá cantando o nosso amor...
Nada foi tão perfeito, tão bonito,
quanto o ideal da juventude que passou...
Os planos sucederam às conquistas,
mas tudo não foi mais que um desamor...
Do infante que chegou cheirando à flor,
à mão que tremula sem pavor,
tudo é um pulo, nada mais que um instante...
Mas a gente não entende e se afoga
no pingo d'água que transborda em desfavor...
E continuamos a pensar que o tempo muda
a face triste que no amor desabrochou
a lágrima escondida da saudade
de um tempo longe, guardado com carinho,
mas que o véu da tristeza não mostrou...
Apagada a chama da paixão,
tristeza e mágoa foi tudo que restou.
(às 17:51 do dia 19/06/2009)