TÚMULO

Negra noite.

Carne lacerada.

Verme que trespassa a pele macerada.

Vil herói vendido ao pior bandido;

por um prato de lentilhas entregou-se o

reino;

por um pedaço de torta abriu-se

mão da porta

e ficou-se preso

no calabouço escuro,

no poço úmido

onde a peste abunda.

Escorpiões encardidos que destilam

veneno

na garganta cortada pelo

grito contido.

Oh! cruel desventura!

Oh! indômito espanto!

Espasmo de dor que precede

o pranto

que nunca vem

porque não há ninguém;

não o que ouvir;

não há o sentir;

não sinal do canto;

e tudo é desterro.

Pior do que o tédio.

Muito além da dor.

Pior que sacrilégio.

Que crime cometi?

Para que tanto morrer

de morte tão escorrida

qual escarro que lentamente

goteja da virilha

no prostíbulo lúgubre

além da sanidade,

aquém da existência,

onde o esquecimento é a verdade

que se anseia entre tormentos

de um jorro exasperado

que suplica a letargia

da inércia de um manto

que perpassa a demência

de um último sussurro

que sempre se alongará

p e r p l e x o

Rodrigo J F Loureiro
Enviado por Rodrigo J F Loureiro em 20/06/2009
Reeditado em 20/06/2009
Código do texto: T1658267
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