Discurso da felicidade sobre a ética

Perante a realidade há fantasias

São monstros que dizem em que acreditar

Flores que insistem não brotar

Uma fantasia eletronica e sem fios

Rebuscada e sem cor

Folheada a ouro, dietética e sem sabor.

Uma fantasia de distancia

De nunca, de basta, de fim

De tantas outras vielas

Uma saudade artificial embalada para viagem

Uma forma de receber e de recorrer

Pré-cozida com data de validade

De dar carinho

Com hora marcada para se render.

Um desrespeito imunológico

Com remédios nas mangas

e genéricos nas meias

Não é preciso planejar

Não há dinheiro que não pague

Não há crédito que não cubra

Não há política que não se renda

Para trás ficou o respeito

Pelo carinho e por si.

Auto-piedade

O seguro não cobre a moral

Duas vidas não compensam uma morte

Mas duas mortes não acabam com uma vida

Desde que bem vivida

Ter medo é certidão de nascimento

Impelir contra a vontade dúbil

Repelir a cláusula pétra

Se arrebentar e resignificar

Se render é atestado de óbito

É querer respostas sem perguntas

E ser ingênuo para acreditar

Que uma vez enviada a carta...

...a resposta sempre virá.

Gaia
Enviado por Gaia em 20/06/2009
Código do texto: T1659127