Discurso da felicidade sobre a ética
Perante a realidade há fantasias
São monstros que dizem em que acreditar
Flores que insistem não brotar
Uma fantasia eletronica e sem fios
Rebuscada e sem cor
Folheada a ouro, dietética e sem sabor.
Uma fantasia de distancia
De nunca, de basta, de fim
De tantas outras vielas
Uma saudade artificial embalada para viagem
Uma forma de receber e de recorrer
Pré-cozida com data de validade
De dar carinho
Com hora marcada para se render.
Um desrespeito imunológico
Com remédios nas mangas
e genéricos nas meias
Não é preciso planejar
Não há dinheiro que não pague
Não há crédito que não cubra
Não há política que não se renda
Para trás ficou o respeito
Pelo carinho e por si.
Auto-piedade
O seguro não cobre a moral
Duas vidas não compensam uma morte
Mas duas mortes não acabam com uma vida
Desde que bem vivida
Ter medo é certidão de nascimento
Impelir contra a vontade dúbil
Repelir a cláusula pétra
Se arrebentar e resignificar
Se render é atestado de óbito
É querer respostas sem perguntas
E ser ingênuo para acreditar
Que uma vez enviada a carta...
...a resposta sempre virá.