As portas

Às vezes, acho que não sou

desse mundo.

Desligo-me sem saber onde estou,

acabo taciturno.

Vejo através das mentes,

ficando desolado.

Todos estão plangentes

e desacreditados.

Abri portas em mim,

sem procurar a chave. Parece o fim,

embora nunca acabe.

Pulei as barreiras,

mergulhando no infinito. Vi grandes teias

urdidas como um labirinto.

Entrei nesse logogrifo

para chegar a uma resposta.

Queria saber o que aconteceu comigo,

caminhando pela parede transposta.

Encontrei novas portas

trancadas por um selo.

Passei por elas com o maior desvelo.

A primeira era a ambição.

Tranquei-a com firmeza,

sem hesitação.

A segunda era a vaidade.

Sua grandeza me amedrontava,

porque ela também produzia perversidade.

A terceira era a mentira.

Dei-lhe um soco,

por causa de um ímpeto de ira.

A última decidi abrir.

Olhei para dentro

e quase sofrendo

por ter que admitir...

Que era inevitável

recuar. Nesse mundo não se pode ser amável

e, tampouco, se apaixonar.

A porta da paixão

estava lá.

Não quis ferir o meu coração,

fui embora...

Rômulo Souza
Enviado por Rômulo Souza em 21/06/2009
Reeditado em 25/07/2011
Código do texto: T1659288
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