OUTRA VEZ

Talvez nem o abismo me socorra

Nem o céu desabe,

Talvez o mal me ocorra

Porque se é o fim ninguém sabe

Espero que o silêncio não morra

E que o medo se acabe.

Ando sobre espinhos

Sem ter sangue pra sangrar

Ando por vários caminhos

Que eu não sei aonde vai dar

Quem sabe numa noite de carinhos

A luz de velas em pleno mar.

Perdi as datas das humilhações

Somei as vezes que falei

Perdi as somas das desilusões

Esqueci até quantas vezes errei

Mas não culpo as emoções

Nem os sonhos que sonhei.

A vida não passa de um filme

Que passa tanto rápido como lento

A vida não é uma verdade

Como o ar, o tempo e o vento,

Nos artifícios de cada arte

Tanto perco mais muito tento.

O frio da neblina que cai

Faz-me sentir desejo

O adeus de imortal de se vai

Revela-me um pequeno segredo

E em fim tudo sai

Sem planos, sem regras, sem medo.

José Borges Neto
Enviado por José Borges Neto em 21/06/2009
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