Echo

Bela ninfa, que amava os bosques e montes,
Favorita de Diana, a ela unia-se nas caçadas,
Mas, sempre era a última a falar nos debates,
E acabou sendo condenada por essas baldas.

Juno, poderosa deusa, ciumenta e vingativa,
À procura do marido, de quem desconfiava,
Foi enganada por Echo, faladora e tão ladina,
Que a entreteve, enquanto ele se debandava.

Percebendo a traição, Juno a fez compreender,
Que o uso da leviana língua só se conservaria,
Para a coisa de que gostava tanto: responder...
E que a palavra a mais ninguém, Echo dirigiria.

Foi nessa deplorável condição, que ocorreu...
Conhecer o belíssimo Narcissus e se apaixonar,
Seguiu-lhe os passos, mas, ele não a atendeu,
Indiferente e cruel não a deixou se aproximar.

Daquele dia em diante, no recanto das matas,
Envergonhada, Echo foi sua tristeza esconder...
Em cavernas e entre rochedos das montanhas
Sozinha, definhando e secando, passou a viver.

As suas carnes desapareceram inteiramente,
Seus ossos, em rochas se metamorfosearam,
Só restando sua voz, que até hoje responde... 
Longínquos sons das pessoas que a invocam.

©Daura Brasil
São Paulo - 2006

Imagem: Echo and Narcissus by William Waterhouse