a concha
queria que houvesse uma receita pronta
pra lidar com as coisas do coração
e com as invencionices da imaginação
não sei ser um
nem dois
nem sei me dividir
sei ser uma coisa escondida no escuro
e fazer um furo na minha concha
pra espiar o que eu não entendo
não sei reconhecer o que não vejo
e não sei ver o que desconheço
e só conheço em mim o que perco
o que não vi pelo furo na concha
e o que deixei se ir
sem nem ter visto
não sei se era um
nem dois
nunca soube somar nem dividir