Dois homens...

Dois homens caminhando...

Um notavelmente bêbado,

o outro aparentemente sóbrio,

Caminhavam em silêncio.

Incompatibilidades físicas.

Às vezes os corpos se chocavam,

não por conta do outro,

mas do bêbado,

e o silêcio, sagrado.

Parecia haver uma compreensão

naquele vai e vem.

A retidão em que o outro andava,

soava com um ar de respeito,

e eles caminhavam...

Cada passo,

uma revelação!

E então o momento crucial se revelara

tocando minha percepção:

Ao atravessar a rua,

os corpos se chocando,

não por conta do outro,

mas do bêbado,

o outro toca-lhe o braço,

convidando o bêbado ao outro lado,

e naquele balanço e retidão,

percebi:

Ele o ama!

Não o bêbado,

o outro.

Tiago Branco
Enviado por Tiago Branco em 31/05/2006
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