Um Lugar Chamado Saudade

...e por que em meus silêncios surges,

semeando risos de esperanças,

quando deverias ser apenas

mais uma de minhas lembranças...?

sei que há dias em que este amor

anuncia-me em teus olhares,

e teu coração transborda meu nome,

escrevendo-me nos lábios de cada palavra.

sei-me também no ardor de tuas preces,

quando ao fim do dia agradeces

essa ânsia de acariciar meus pensamentos...

sei que te sobram ternuras

quando te dizes em mim,

e que me enleia toda a doçura

quando me percebo em ti..

sei-me na aurora em que despertas,

quando em teus olhares sorri

o meu rosto, que te habitou o sonho...

sei-me nas tuas horas de melancolia,

quando em minhas ausências,

sou leito cetíneo para a lágrima incontida...

sei-me na tua tristeza e na tua alegria,

na mão estendida,

e no momento furtado ao tempo,

quando nos escondemos do futuro,

abandonamos o passado,

e nos damos um ao outro de presente...

sei-me na falta, na distância,

quando tuas mãos enlaçam a minha ausência

e tua saudade me abraça...

sei-me sempre em ti,

em teu pensar e no semicerrar das tuas pálpebras,

quando me buscas em teu sono...

...e porque surges assim, em meus silêncios,

é que me uno ao fio tênue da existência,

onde te tenho sempre ao alcance de uma intenção,

nesse oceano em que navega meu coração,

sob os ecos distantes de tua ausência...

sei somente dos elos

que unem nossos olhares,

em algum lugar chamado saudade.

© J.B. Xavier & Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 31/05/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T166888